O desafio do auto conhecimento

Sempre que alguém chega para primeira sessão de terapia, fica estampado o medo do desconhecido, o medo do julgamento, o medo de se abrir com alguém que conhece, mas de todos esses medos acredito que o pior de todos é o medo de se conhecer de verdade.
E talvez esse seja um medo real que se encontra na sombra da coletividade humana, uma vez que um dia, segundo a mitologia cristã, já existiu um paraíso e os nossos primeiros descendentes foram expulsos a partir do momento que tiveram consciência do bem e do mal.
Vejam o que aconteceu no momento que tiveram acesso ao conhecimento: ao perceberam nus e se esconderam; então, podemos entender que antes deste conhecimento não existia o certo ou o errado, tudo era uma coisa só, adquirir, mas adquirir esse conhecimento custou muito, custou a expulsão deste lugar paradisíaco.
Para algumas pessoas, esse papo de auto conhecimento e terapia não passa de charlatanismo, julgam os profissionais vigaristas e enganadores de pessoas que se encontram em desespero ou carentes. Há também o caso das pessoas auto suficientes que acham que terapia não serve para nada, afinal quem melhor do que elas mesmo para resolverem os problemas impostos pela vida. E aqui vale uma observação, a percepção que temos de nos mesmos é através dos outros, e se não tiver o outro como posso falar quem sou eu, como posso me resolver sem observar o espelho de nós mesmos refletido através do outro, o paradoxo é que o outro também sou eu, existe um outro eu de mim mesmo que só é possível perceber através dos outros.
Resolvi colocar no titulo a palavra desafio justamente porque é assim que a terapia ou análise se apresenta para muitos. É preciso coragem para entrar neste processo sem volta. Ainda esses dias falava para uma pessoa querida sobre esse desafio.

“É preciso mais coragem para se conhecer do que para segurar uma arma de fogo.”

E tudo isso vai nos levar diretamente para o ultimo post da Marcella onde ela falava que:

“Se desnudar para dar voz ao Self e com isso achar o equilíbrio e a forma de se apresentar para o mundo pode ser dolorido, mas é de uma grandiosidade e profundidade absoluta.”

Se desnudar é reconhecer que não somos nada além de ser humanos constituídos psicologicamente de dualidades, de bom e mau, de bonito e feio, de traído e traidor; em resumo, opostos que quando equilibrados podem e são um caminho para o crescimento.
O desafio do auto conhecimento se mistura com tudo que foi escrito no inicio do post, bate de frente com o medo da mudança, com a falta de coragem para realizar as mudanças na vida que precisam de coragem e fé, bate de frente com aqueles que acreditam que a vida já ensinou tudo e nada a mais há para se aprender.
Para os que acham que a terapia é charlatanismo, talvez esse adjetivo seja apenas um reflexo da sombra existe dentro de si. E vejam de forma alguma, estou afirmando que não exista isso dentro dos consultório de psicoterapia.
Existe sim, assim com também é possível encontram problemas em todos os lugares, seja na cadeira do dentista, no escritório de advocacia ou na politica.
E sempre que alguém começa uma análise – ou terapia – , faço questão de lembrar que aquele momento não é nada fácil porque talvez coisas desagraveis irão surgir, mas que a todo momento eu estarei ao lado porque eu acredito que juntos é possível crescer, se conhecer e o melhor de tudo, ir viver a vida com tudo que ela pode oferecer !!
Ampliar o conhecimento que temos si também podem nos custar o paraíso, mas esse é apenas o paraíso da falsa sensação de segurança que temos diante das mudanças.
O verdadeiro jardim do éden pode ser encontrado logo após você vencer o medo do auto conhecimento.
Leia também o post completo da Marcella – A cansativa luta contra o chamado
Daniel Gomes
psicoterapeuta junguiano
dgterapia@gmail.com

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