Superman vs Batman – Luz, sombra e a figura das mulheres no caminho dos heróis

Hoje a bola da vez é a épica batalha entre o e luz e sombra, ou melhor entre Superman e Batman. E como sempre tem acontecido, antes mesmo de terminar o filme eu já estava querendo sair do cinema para escrever algo a respeito, o filme é repleto de uma simbologia envolvida por arquétipos como deuses, heróis , anima e trickster.

É claro que o filme não é apenas isso, para quem gosta dos HQ´s o filme é bom demais, superou minha expectativas, já que antes de assistir ouvi comentários afirmando que o filme era confuso, mas sinceramente não existe confusão, o que existe é linguagem do inconsciente exposta a todo momento, o que existe é um belo paradoxo que se configura através do seguinte pergunta: “Deuses podem andar e conviver entre os homens ?” questionamento levantado porque Superman passa a ser visto como um deus entre os homens.
Imediatamente fui levado para a mitologia e a hybris cometidas pelos os homens quando se achavam no direito de andar e conviver entre os deuses, tal ambição não era tolerada por nenhum deus, por isso, todos eram colocas de volta em seus lugares, eram castigados ou presos no mundo de Hades. Quando um deus é levado a conviver entre os homens e de acordo com as leis terrestres, pode ser que muitos dos seus atos mesmo que divinos sejam questionados. Se usarmos essa ideia do filme podemos até entender o ditado sobre os caminhos sinuosos nas palavras de Deus – “Deus escreve certo por linhas tortas.” 
Muitas vezes não vamos entender porque passamos situações desagradáveis, fracassos e doenças, quando isso acontece culpamos a vida, mas existe algo importante à saber, todos esse infortúnios talvez sejam o chamado do daimon que existe dentro de cada um, talvez seja apenas uma falta de entendimento do que os deuses querem nos mostrar. Então, se questionamos a falta de sorte perante a vida e culpamos os deuses, imagine o que não aconteceria se ele estivesse vivendo como nós, com certeza iriamos questionar da mesma forma. 
E veja que simbólico, Lex Luthor em determinado momento fala que um quadro, adorado por seu pai, deveria ser virado de ponta cabeça porque assim o demônios estariam no céu e não mais mais na terra, e em vários momentos aparecem símbolos e imagens que fazem essa relação ligando os heróis do filme no papel inverso, no papel de demônios e não mais de deuses.  
Já que estamos falando de simbologia, vale apena fazer algumas outras relações, o mal existe sim, e muitas vezes não percebemos porque ele se mostra em de uma outra forma, que pode ser representado através do que Jung entende como o arquétipo do trickster, uma figura que faz brincadeiras bobas, em parte divertidas e parte venenosas, assim como Lex Luthor, fazendo seus jogos mortais. que num tom de brincadeira oculta sua ambição por mortes.
O filme me surpreendeu pelo o que Jung chama sizígia representada entre Superman e Batman. O primeiro, visto como o representante da luz, do outro lado temos o cavaleiros das trevas, da noite . Não seria então luz e sombra? Essa batalha que é sempre presente no cinema através muitos outros filmes como por exemplo Star Wars e Harry Potter ou mesmo em nós mesmos em meio a uma discussão interna sobre determinadas decisões. 

Entre tantos motivos arquetípicos encontrados no filme não podemos deixar de falar do arquétipo coletivo da anima – termo utilizado por Jung para representar esse fator compensatório no homem de natureza feminina, na mulher o termo utilizado é animus.
Podemos entender no filme que esse arquétipo é representado através da heroína “Mulher Maravilha” e a simples mortal Lois Lane, essas duas mulheres realizam um papel importante no filme assim como as mulheres em nossas vidas.
A figura da mulher interna que existe no homem e que na psicologia junguiana conhecemos como anima é formada em primeiro lugar pelas primeiras mulheres da vida, mãe, avós e/ou cuidadoras, já na vida adulta o contato com essa figura do inconsciente pode ser experienciado através dos relacionamentos com nossas companheiras, esposas e/ou namoradas, e através do deste contato o homem pode encontrar seu caminho para a espiritualidade e afetivo, mais que isso, abre a possibilidade de relacionamento verdadeira com nossas mulheres. É através de Lois Lane que Superman se supera, é através da anima – ou animus para mulher – que podemos encontrar os caminhos para evolução e expansão da consciência.

Dentro da psicologia junguiana exploramos essas imagens através dos sonhos e outros recursos terapêuticos de tal forma que podemos entender como influenciam nossos relacionamentos no âmbito social ou familiar.

Daniel Gomes
psicoterapeuta junguiano
dgterapia@gmail.com

referencias
JUNG, Carl Gustav. 2011b. Aion.
JUNG, Carl Gustav. 2011b. Arquétipos do inconsciente coletivo. 

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