Falamos tanto sobre aquele que é extrovertido ou sobre o outro que é introvertido, mas de fato, o que realmente entendemos sobre quem é quem ?
Jung é claro quando fala que dentro do extrovertido existe um introvertido inconsciente, da mesma forma também acontece para o introvertido, e é nestes pares de opostos que surgem as divergências sobre entre os dois, afinal, Jung diz:
O valor de um é o desvalor de outro.
Bom vamos ao exemplo de como funciona essa dinamica !
Imagine agora dois rapazes caminhando juntos pelo campo. Chegam a um Castelo maravilhoso. Ambos gostariam de ver o castelo por dentro.
Então o introvertido diz :
– Gostaria de saber como é por dentro !
O extrovertido, por sua vez, diz:
– Vamos entrar !!
E assim vai entrando pelo portão…
O introvertido já apavorado exclama:
– Talvez seja proibido a entrada !
Ao mesmo tempo se pega imaginando vagamente uma serie de represálias, como violências policiais, multas, cachorros prontos para atacarem etc etc.
Neste exato momento o extrovertido replica:
Podemos perguntar, na certa vão nos deixar entrar !
Da mesma forma na sua imaginação logo surgem imagens de porteiros afáveis, castelões hospitaleiros e possíveis aventuras românticas.
Graças ao otimismo do extrovertido, conseguem realmente entrar no castelo. Mas agora começa a peripécia. O castelo foi reformado por dentro. Só umas poucas salas, com uma velha coleção de velhos manuscritos. Por acaso essa é a paixão do rapaz introvertido. Mal chega a ve-los, fica como que transformado, absorto na contemplação dos tesouros, suas palavras exprimindo entusiasmo, envolve o guarda numa conversa, para obter mais informações. Mas, enquanto isso, a animação do extrovertido vai diminuindo cada vez mais; vai ficando de cara comprida e começa a bocejar.
Nada de porteiros afáveis, nada de hospitalidade cavalheiresca, nem sombra de aventuras românticas: apenas um castelo reformado. Não precisava ter saído de casa para ver manuscritos. Enquanto cresce o entusiasmo de um, vai acabando a disposição do outro; o castelo o aborrece, os manuscritos cheiram a biblioteca, a biblioteca faz com que se lembre da faculdade, a faculdade é associada a estudo, exames: uma ameaça. Pouco a pouco, um véu sombrio vai descendo sobre o castelo, antes tão interessante e atraente. O objeto fica negativo.
Ao mesmo tempo:
– Não é formidável !! – exclama o introvertido
– Descobrir essa coleção maravilhosa assim por acaso?
– Eu estou achando isso aqui muito sem graça. – responde o outro, sem esconder o seu mau humor.
Isso irrita o introvertido, que resolve por is mesmo: “Nunca mais vou viajar com esse sujeito!”
O extrovertido, por sua vez, fica irritado com a irritação do companheiro, pensa que sempre achara o outro um perfeito egoísta, sem a menor consideração pelos outros. “Onde já se viu desperdiçar a linda primavera lá fora! Poderíamos estar aproveitando! E tudo por causa dessa curiosidade egoísta !“
Nessa altura, o tipo se inverte: o introvertido, que hesitava em entrar, não quer mais sair e o extrovertido amaldiçoa o momento em que entrou no castelo. O primeiro fica fascinado pelo objeto; o segundo, por seus pensamentos negativos. No instante em que o primeiro avistou os manuscritos, já estava perdido. Sua timidez desapareceu, o objeto tomou posso dele: entregou-se docilmente. Em compesação, o segundo sentiu uma resistencia crescente em relação ao objeto e, finalmente, fez-se cativo do seu sujeito mal humorado. O primeiro tornou-se extrovertido; o segundoo, introvertido.
Enquando os dois amigos caminhavam juntos na mais alegre harmonia, um não perturbava o outro, porque cada qual estava “na sua”, naturalmente. Eram positivos um para o outro, porque a atitudes se complementavam. Mas complementavam-se porque a atitude de um sempre compreendia a do outro. A rapida conversa que tiveram é ilustrativa: ambos querem entrar no castelo. A duvida do introvertido quanto a permissão para entrar também serve para o outro. A iniciativa tomada pelo extrovertido também é de utilidade para o introvertido. A atitude de um também inclui o outro, e isso é quase sempre assim quando um individuo está na atitude que lhe é natural, porque essa atitude se adapta coletivamente, por assim dizer. Com a atitude do extrovertido vai o objeto para o sujeito.
Mas, assim como no introvertido o objeto sobrepuja o sujeito, atraindo-o, sua atitude perde o caráter social. Esquece-se da presença do amigo; não o inclui mais. Submerge no objeto e não vê quanto o amigo se aborrece. E vice-versa: o extrovertido perde a consideração para com o outro no momento em que sua expectativa não é satisfeita, retraindo-se em sua ideias e humores subjetivos. ( Vol 7/1 pag 67,68,69 )
Evidente que o exemplo a cima não menciona as funções pensamento, sentimento, sensação e intuição, e que por isso, alguém lendo o exemplo talvez não consiga se identificar como um extrovertido ou como um introvertido.