É muito comum – e saudável até – nos adaptarmos ao ambiente e situações que o dia a dia vai nos apresentando. Já falamos sobre isso aqui no blog mas é sempre bom relembrar. Somos seres sociáveis, ou seja, precisamos nos relacionar com o outro para sobreviver. É neste contato com o outro que vamos aprendendo coisas, somando qualidades e detectando alguns defeitos que não queremos propagar. Até aí está tudo certo.
Esse recurso tem um nome técnico. É chamado de persona. Podemos entender esse termo como uma máscara social que usamos para nos adaptarmos. Um exemplo para deixar mais claro ainda, quando eu estou no consultório eu tenho que me comportar como terapeuta; que é um pouco diferente quando eu estou entre amigos e eu posso brincar mais; e assim por diante.
A persona só se torna algo prejudicial quando eu me identifico com ela. Ou seja, quando alguém não tira o crachá da empresa nem para comprar o pãozinho de manhã. Quando uma pessoa exige que todos a tratem com cordialidade ou que a sirvam porque em uma das suas funções ela exerce uma certa autoridade. Assim, se torna totalmente nocivo não saber tirar a máscara e em algum momento entrar em contato com a essência. Quando se perde o controle e a pessoa passa performando alguém que não é só para manter uma imagem.
É triste não se reconhecer, não conseguir romper com o personagem criado nem quando se está sozinho. A pessoa tenta enganar – mesmo que o termo seja duro é a real – os outros, se fazendo de forte, de seguro, etc., mas não percebe que na verdade, se tem alguém que está realmente sendo enganado é ele mesmo.
A cada dia que a pessoa alimenta essa ilusão, mais distante ela fica dela mesma. É como se ela entrasse em uma floresta e de tanto andar mata adentro, não se lembra como faz para voltar pra casa. É nesta hora que entra a ajuda terapêutica – como um auxílio, um resgate de volta a sua casa. É na terapia, em seu ambiente livre e protegido que a pessoa pode pedir socorro, gritar o medo, chorar a ilusão e aos poucos ir se norteando, abrindo os caminhos que falarão à sua alma.
Não se engane. Peça ajuda. Persista. Não dê força à uma mentira pois ela custa caro. Seja você e seja feliz. Esse é o primeiro passo de um caminho de realizações.
Marcella Helena Ferreira
Psicoterapeuta Junguiana
marcella@conhecendojung.com.br