A selfie e o pedido de ajuda

Eu não poderia deixar de registrar algo tão simbólico, algo que demonstra a urgência de uma auto crítica sincera sobre o caminho que estamos tomando.
Evidente que temos pessoas que se questionam sobre o que está errado, mas é preciso nos esforçarmos mais.
Talvez essa seja a razão também do momento em que o país se encontra, um momento em que queremos nos aproveitar de uma situação em beneficio próprio, afinal na base da corrupção não encontramos a mesma atitude?


Essa “selfie” é para mim o maior pedido de socorro que alma poderia fazer, afinal neste momento um complexo se constela e o ser humano se esquece de sua própria condição para sair “bem na foto”.
Mas deixa eu explicar porque acredito que esse seja o maior pedido de socorro…


Quem em plena consciência de si iria tirar uma selfie no momento em que alguém precisa de ajuda, e mais, em um momento onde todos estão assistindo, pois ali se encontra o fogo sagrado que representa a união dos povos. Com certeza não foi um homem gozando de sua plena consciência que correu para tirar a selfie, mas sim o Self tentando demonstrar que algo está errado no caminho da humanidade.


Estamos no caminho contrário da evolução, estamos pensando apenas em nós mesmos, estamos no caminho do individualismo quando na verdade deveria estar no caminho da individuação. E para entender a diferença entre um e outro Jung da a seguinte explicação:

Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do autoconhecimento, atuando, conseqüentemente, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, vai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos. Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por contratendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo.” (Jung, p. 53)


Então precisamos começar a entender, que o policial que sofreu o acidente, também é uma parte de mim mesmo, assim como o nosso querido amigo da selfie é também uma parte de cada um de nós, porque tudo isso se encontra em uma área comum do inconsciente que diz respeito a humanidade e por pertencer a mim, a você e a todos nós. Nesta camada todos somos ligados, todos sofremos e sorrimos, portanto, não importa a dor do outro, ela também é minha dor.
Então não basta você fazer uma crítica, mas sim entender que você também tem um papel importante no meio em que você vive, seja entre amigos, familiares ou qualquer outro círculo social. Se você acredita que não importa que as pessoas estão em guerra no oriente médio porque estão longe de você, é um engano, existe uma parte de você que se encontra na guerra também, se encontra com fome ou passando frio durante a madrugada.


Então que essa selfie nos sirva de grande reflexão e que nos leve ao entendimento que todos somos seres humanos e quando algo está errado com um de nós todos sofrem.

Fica aqui um filminho para refletir mais ainda.

Daniel Gomes
psicoterapeuta junguiano
dgterapia@gmail.com

referencias
JUNG, Carl Gustav. 2011. O eu e o inconsciente.

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