Filme – Divertida mente – Uma leitura divertida sobre nossos complexos

Nada como um bom cinema para se desligar e para se divertir, ainda mais, quando somos surpreendidos com um filme em que o título em português apenas diz que é algo divertido, mas o filme foi muito além do esperado, conseguiu prender a atenção de dois junguianos.
Então atendendo a pedidos resolvi escrever uma breve análise do filme, pois de fato, é uma maneira divertida de aprender mais ou menos como somos afetados por nossos complexos e como nossas ações são reflexos de nossas experiências internas reagindo aos acontecimentos externos.
Vamos “divertidamente” entender um pouco mais sobre uma teoria importante da psicologia junguiana, mas antes é justo fazer uma pequena introdução sobre o filme para quem ainda não assistiu.
O filme que na verdade é uma animação e conta a historia da garotinha Riley, o dia a dia com seus pais e suas emoções.Tudo é maravilhoso e lindo até o momento que completa 11 anos e ao mesmo tempo seus pais se mudam para uma cidade grande.A partir desta mudança vários eventos acontecem em torna de Riley, que a cada novo evento fica mais e mais perturbada.

 

Vamos começar a análise pelo que entendemos ser o ego ou “eu”, e atenção Jung chama o ego de “eu”,  para seguirmos adiante é preciso entender como Jung entende o ego e os complexos:

Entendemos por “EU” aquele fator complexo com o qual todos os conteúdos conscientes se relacionam. É este fator que constitui como que o centro do campo da consciência, e dado que este campo inclui também a personalidade empírica, o eu é o sujeito de todos os atos conscientes da pessoa. Esta relação de qualquer conteúdo psíquico com o eu funciona como critério para saber se este último é consciente, pois não há conteúdo consciente que antes não se tenha apresentado ao sujeito.
Esta definição descreve e estabelece, antes de tudo, os limites do sujeito. Teoricamente, é impossível dizer até onde vão os limites do campo da consciência, porque este pode estender-se de modo indeterminado. Empiricamente, porém, ele alcança sempre o seu limite, todas as vezes que toca o âmbito do desconhecido.

Abaixo seria uma representação do complexo do eu e o outros complexos.

 

 

Então sendo o EU o centro do campo da consciência, podemos entender que agimos de acordo com aquilo que toca nossa consciência, isso sem contar os inúmeros estímulos fisiológicos que são inconscientes para nós.
De forma simples, podemos fazer uma relação do ego com a mesa de controle.

 

No filme, as ações e reações de Riley se dão através da mesa de controle, então aqui está uma analogia interessante de como podemos entender o nosso ego, tudo que toca essa mesa de controle fica consciente.
Mas temos outros personagens que influenciam toda historia, e esses personagens são  a: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho.
Jung fala desta pluralidade, ele explica que “a psique não é uma unidade e sim uma pluralidade contraditória de complexos.” Desta forma, podemos entender esses personagens como complexos, assim como também o ego é um complexo.
De forma divertida da para aprender que o temos vários complexos, e que, conforme eles ficam afetados por alguns acontecimento, eles tomam o controle do ego.
O que Jung entende por afeto :

Os afetos, via de regra, ocorrem sempre que os ajustamentos são mínimos e revelam, ao mesmo tempo, as causas da redução desses ajustamentos, isto é, revelam uma certa inferioridade e a existência de um nível baixo da personalidade.

Quando estamos enfrentando uma situação em que nossos ajustamentos não são adequados e somos afetados por esses acontecimentos, se utiliza o termo constelado, Jung explica o termo da seguinte forma:

Este termo exprime o fato de que a situação exterior desencadeia um processo psíquico que consiste na aglutinação e na atualização de determinados conteúdos. A expressão “está constelado” indica que o indivíduo adotou uma atitude preparatória e de expectativa, com base na qual reagirá de forma inteiramente definida. A constelação é um processo automático que ninguém pode deter por própria vontade. Esses conteúdos constelados são determinados complexos que possuem energia específica própria.

 

 

Quando um complexo está constelado, de certa forma perdemos nossa autonomia, deixamos de ser quem somos e outros “eus” surgem de forma autônoma.
No filme podemos entender que quando algo não está bem, não quer dizer que seja ruim, mas sim, que é meio pelo qual nosso sistema psíquico encontra para corrigir a rota em direção à auto realização, ou seja, em direção ao processo de individuação.

 

Daniel Gomes
psicoterapeuta junguiano
dgterapia@gmail.com
 
referências
JUNG, Carl Gustav. Aion
JUNG, Carl Gustav. Psicologia do inconsciente
JUNG, Carl Gustav. O eu e o incosnciente

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